– Menino, você não pode pegar a bicicleta do seu irmão para ir no cross da sessenta – falou a mãe do menino.
O cross da sessenta era uma pista de terra que o menino gostava de ir com os amigos para saltar as rampas e fazer as curvas a toda velocidade com a bicicleta. Só que o menino não tinha bicicleta, quem tinha era seu irmão. Mas sempre que podia, o menino pegava a bicicleta do irmão e voava para o cross da sessenta.
Naquele dia, o menino falou para os seus amigos:
– Gente, hoje não vai dar para ir, porque minha mãe disse que eu posso andar de bicicleta, mas não posso ir lá na sessenta porque é longe e perigoso.
Um amigo seu disse:
– Deixa disso, menino. A gente vai e volta rapidinho e ninguém vai ficar sabendo.
E o menino pensou que era verdade. O plano era perfeito e lá foi ele, com seus amigos, para o cross da sessenta.
Quando ele chegou lá, a chuva do dia anterior tinha feito a pista de terra virar uma grande piscina de lama, mas o menino achou aqui melhor ainda, ele ia passar com a bicicleta no meio da lama, saltar a rampa e fazer a curva.
Ele fez isso uma vez, e foi muito legal. Daí ele fez de novo, mais rápido, sentindo o vento no rosto quando deu o salto e a emoção de passar no meio da lama igual a um corredor de verdade. Foi mais legal ainda.
E então ele fez a terceira vez, ainda mais rápido. Acelerou na saída, deu um salto bem grande e aterrisou do outro lado da rampa. Só que na hora de passar pela lama ele bateu em alguma coisa e perdeu o controle. A bicicleta virou de lado, o menino saiu voando de cabeça para baixo, pronto para aterrisar de costa no meio da lama. Enquanto voava, ele ficava pensando que agora não ia dar mais para esconder toda aquela história da mãe dele.
O resto da história você imagina.